sexta-feira, 22 de abril de 2011

O artista e a câmera.




Não posso apenas dizer que o cinegrafista é um artista. Só dizer isso, é porque é. Um argumento fraco.

O camera-man pode dizer que já se emocionou em uma matéria e tentou mostrar aquela emoção usando seu equipamento. Já chorei em entrevistas tristes que me deixaram perplexo com a perversão da alma humana, mas também quase não segurava a câmera de tanto rir. É nisso que vejo a nossa arte, é sentir e sintetizar essas emoções. Fazer o mundo sentir a tristeza, a alegria ou a dor da morte na vida através de uma tela de TV não é uma tarefa fácil. Muitas vezes o câmera não entende a matéria, mas tem que absorver o sentimento para produzir um bom trabalho.

terça-feira, 15 de março de 2011

Os filhos da pauta.

A pauta, fisicamente é o papelzinho que o repórter recebe, geralmente com uma matéria sobre a matéria.

Vem com indicações sobre direcionamento, tempo, horóscopo, simpatia para trazer a pessoa amada, condições climáticas, resultado do bicho e sugestões de imagens.

É a bula da reportagem. Lá contém todos os detalhes, macetes e contra-indicações.

Funciona quase como a Bíblia, se o repórter tiver boas intenções, souber interpretar e seguir direitinho às vezes (disse às vezes) pode se salvar.

Mas o pauteiro é outra criatura engraçada e exepcional.

Ar condicionado, jornais impressos, canal e sites de noticias, twitter e café. O habitat do pauteiro é esse. São arredios, mas vivem em bandos. Muitos nunca estiveram no front, nas ruas. Muitos têm medo de enfrentar o sol e talvez a chuva. Medo de ser acertado na cabeça, propositalmente ou não, pela câmera do cinegrafista ou de levar cotovelada em coletiva e depois fazer um stand-up.

Outros não têm medo! Esse entende e ajuda muito a equipe que está na rua, mas conhece todas as malandragens do repórter. Sempre desconfia da pauta que cai, do imprevisto, da chuva...

O pauteiro é o palpiteiro no jornalismo. Canta a jogada pro repórter, cinegrafista, assistente, motorista...

É prudente tentar seguir a pauta, porem isso não impede de improvisar. Sempre tome cuidado. É fácil se desesperar quando se tem pouco tempo para produzir muita coisa, fácil se estressar quando o planejamento é todo seu e é mais fácil querer mandar quando se trabalha perto do chefe.

sexta-feira, 11 de março de 2011

E os cinegrafistas no Japão?

Hoje quando vi algumas imagens do desastre no Japão fiquei pensando no pobre do cinegrafista que captou aquelas imagens.
Talvez sua própria casa foi inundada, ou seu carro foi levado pelas águas, ou até tenha perdido um amigo, um parente. Tudo pode acontecer porem é este o nosso sacerdócio. É nosso o dever de empunhar uma câmera e mostrar aos telespectadores essa triste realidade, mesmo fazendo parte dela.







Irei orar pelos meus colegas japoneses.

Imagens que fiz esta semana. Matérias de Daniele Silveira e Emanuele de Souza



sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

O cinegrafista é olhar do repórter, porem deve ser mais que isso. Parte 1

Vou começar esse post com uma frase engraçada: “Dizem que para um repórter suicidar-se basta apenas pular de cima do seu ego.”

A piada não é engraçada e os repórteres que conheço e trabalho são pessoas ótimas. Pelo menos profissionalmente. Acho!

Mas nem sempre foi assim, já trabalhei com muita gente ruim. Chave de cadeia. Do tipo que se considerava inteligente demais, mas não sabia fazer nada certo. Já sofri muito na mão de repórter inexperiente querendo ser bom e fazendo besteira. O certo é que: gente arrogante atrapalha a vida de qualquer um. Eles azedam qualquer ambiente. Os melhores não tem frescura. Eles acatam qualquer opinião do câmera. Na rua, ninguém é melhor que ninguém. Costumo considerar o trabalho do repórter mais o chato e não o mais importante.

Como mencionei antes, trabalho com ótimos jornalistas. Talvez se fosse para escolher minha equipe não teria acertado tanto. Entretanto todo relacionando tem problemas, alguns altos e baixos. Por mais calmo e profissional seja o cinegrafista, cedo ou tarde vai se virar e mandar um belo “vai tomar no c*”. Se você ainda não fez isso aguarde, pois é só questão de tempo.

Esse convívio com algumas “malas” me ajudou a construir o profissional que tento ser hoje. Evito ao máximo me desgastar e discutir com meus colegas de trabalho. Se o câmera está certo, o repórter quebrará a cara. Só assim você poderá dar aquela gargalhada macabra e lhe desejar/planejar uma morte lenta e bem dolorosa. Quando algo parecido com isso acontecer não se esqueça de dizer um: BEM QUE EU DISSE!!!! Vale à pena repeti-lo dentro do carro no trajeto até a chegada da equipe na emissora. Também é primordial repetir na redação, em todas as ilhas, cantina, estacionamento, máster, estúdio e até na sala da técnica quando você estiver assistindo a matéria ser exibida.

A dica pra um bom relacionamento com o repórter é o respeito e a amizade. Você deve respeitar e ser respeitado profissionalmente. Quando a intimidade estraga isso e o repórter já chama o cinegrafista de “apertador de REC," é um alerta que algo está errado. Antes de tudo trate com cuidado, jornalistas têm a personalidade instável. Seja calmo e complacente, mas vingue-se como puder.



Continua...

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O assistente de cinegrafista.

Hoje a facilidade de se fazer um vídeo é imensa. Celulares, maquinas fotográficas portáteis, notebooks e até as bonecas Barbie tem câmeras com mais qualidade que as usadas na década passada. Antes existiam as câmeras que gravavam em U-Matic [ou seria no U-Matic, não sei!] e não era apenas o cinegrafista que operava o equipamento. O “filmadô” nem apertava o REC. Além da câmera existia uma caixa grande chamada de VT onde o assistente/operador se posicionava atrás do cameraman e apertava o REC. As famosas “caixas de picolé”. Nessa época, as equipes de reportagens eram imensas. Tinha motorista, iluminador, operador de VT, repórter e se tivesse algum espaço na mala levavam o cinegrafista. [Isso deveria ser uma piada, nem sempre é. Ainda acho que o cinegrafista é fundamental, mas só quando ele se lembra de levar a fita/cartão.]

Infelizmente nunca toquei numa câmera dessas

No fim dos anos 80 houve a evolução, as câmeras betas começaram a ser usadas no telejornalismo aqui no RN.

É quando começa o castigo de todo repórter cinematográfico. Uma câmera dessas mais “leve” chega a pesar em média 6 kg. Mas vamos pular essa parte, isso é assunto para outro post.

Continuando... Como as câmeras já tinham o VT embutido, às televisões resolveram enxugar o quadro de funcionários. Os primeiros a pular fora foram os motoristas e iluminadores e quem se adaptou as funções foram os assistentes. Com o tempo, as câmeras foram diminuindo de tamanho e os diretores de TVs resolveram: dá para o cinegrafista filmar com uma mão e dirigir com a outra. Dizem que foi a segunda melhor coisa que a elite desse país já fez depois da abolição dos escravos. Discordo, acredito que antes de demitir os assistentes deveriamos pelos menos dar algumas chibatadas. Entretanto algumas TVs com senso de justiça e ética não aboliram os assistentes. Eles estão em extinção, mas ainda existem na televisão brasileira.

Fotos de algumas espécies raras que trabalham comigo.


quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Rotina!

Vez por outra irei postar aqui fotos e comentários das matérias que faço durante a semana.







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